Women Talking (Entre Mulheres) – Crítica do filme

2022 ‧ Drama ‧ 1h 44m – Women Talking (Entre Mulheres)

“Women Talking”: Uma história de coragem e resistência

O filme “Woman Talking”, dirigido por Sarah Polley e adaptado do livro de Mirian Toews, é uma obra poderosa e emocionante que aborda temas sensíveis como violência sexual, abuso de poder e religião. Com um elenco estelar e uma direção magistral, o filme é uma experiência cinematográfica inesquecível que não pode ser ignorada pelos amantes da sétima arte.

O longa estreou no Festival de Telluride e fez um circuito excepcional em vários festivais ao redor do mundo. Sua estreia nos Estados Unidos foi em dezembro de 2022, e no Brasil, devido a questões de estratégia de lançamento, a estreia está agendada para março de 2023. Ainda assim, “Woman Talking” já está sendo apontado como um grande favorito para a temporada de prêmios televisados.

Com um dos melhores elencos de 2022, o filme é um exemplo de como aproveitar grandes estrelas, dividindo um bom tempo de tela e dando espaço para que cada uma delas se destaque. As personagens são bem desenvolvidas e vivas, o que é muito importante em um filme que discute temas tão delicados e sensíveis.

Trailer do filme Entre Mulheres:

O filme conta a história de um grupo de mulheres de uma comunidade religiosa fechada que se reúne em um celeiro para discutir as violências que sofrem diariamente. Elas decidem se unir para tomar uma decisão que vai afetar o futuro de todas as envolvidas. A situação é sufocante, e a ameaça é silenciosa, mas a coragem e a resistência dessas mulheres é inspiradora.

A diretora Sarah Polley consegue mediar uma discussão que passa por crimes chocantes e que envolve também a religião, criando um ambiente propício para o debate e a reflexão. O filme é muito relevante, pois mostra como a falta de acesso à educação e o discurso religioso podem afetar a vida das pessoas e criar uma realidade de abuso e opressão.

O grande trunfo de “Woman Talking” é justamente mediar discussões sensíveis, mas ao mesmo tempo pensar sobre a situação daquelas mulheres que estão sendo apresentadas. Existe muita preocupação e busca por uma liberdade que parece, às vezes, muito mais utópica do que real, pois não há para onde fugir, não há para onde correr. Algumas decisões precisam ser tomadas, e o tempo é curto.

A diretora poderia muito bem ter centrado a discussão em uma comunidade pequena e fechada, mas ela não faz isso. Ela expande a análise e coloca o tópico em um contexto mais amplo e universal. Isso permite que o filme se torne relevante e atual, podendo ser encaixado em tópicos contemporâneos e em outras comunidades de qualquer outro país.

A atuação do elenco é simplesmente impressionante. Rooney Mara é a protagonista, mas o destaque mesmo é o elenco de coadjuvantes, que são fundamentais para o sucesso do filme. O personagem interpretado por Ben Whishaw é um grande acerto da diretora, pois a forma como ele interage com as mulheres é um dos grandes pontos de interesse de “Women Talking”.

O filme não se limita a apresentar o drama das mulheres que sofrem abusos e violências na comunidade religiosa onde vivem. Ela discute questões como o poder da religião e a cultura do perdão, que muitas vezes são usados para acobertar crimes e permitir que os agressores fiquem impunes. A diretora Sarah Polley consegue mediar essa discussão de maneira sensível e eficaz, sem cair em simplificações ou julgamentos precipitados.

Além disso, “Women Talking” também aborda a luta das mulheres por autonomia e liberdade. Em uma comunidade em que as mulheres são subjugadas pelos homens e a educação é proibida para elas, elas precisam se unir para tomar uma decisão que pode afetar o futuro de todas. A forma como essa tomada de decisão é construída no filme é extremamente envolvente, e a tensão só aumenta à medida que o tempo passa e as consequências de cada opção são apresentadas.

O filme é baseado em um livro de mesmo nome, escrito pela canadense Miriam Toews, que por sua vez se inspirou em um fato real ocorrido na Bolívia. A adaptação para o cinema feita por Sarah Polley é extremamente fiel ao livro, e a diretora consegue transmitir toda a emoção e complexidade da obra original para a tela.

No entanto, nem tudo é perfeito em “Women Talking”. Como mencionado anteriormente, o filme se passa quase que inteiramente dentro de um celeiro, o que acaba tornando o ambiente um pouco genérico. Além disso, a falta de profundidade e a paleta de cores esmaecidas acabam contribuindo para uma experiência visual um pouco monótona.

No geral, “Women Talking” é um filme extremamente relevante e que aborda questões complexas de maneira sensível e eficaz. A atuação do elenco é fantástica e a direção de Sarah Polley é precisa e envolvente. Apesar de alguns pontos fracos na parte técnica, o filme é uma experiência que certamente ficará na memória do espectador.

É importante destacar que o filme chega em um momento em que a luta das mulheres por seus direitos e sua autonomia está em evidência em todo o mundo. Através da história dessas mulheres, “Women Talking” apresenta uma mensagem de esperança e resistência, mostrando que mesmo em situações extremamente difíceis é possível encontrar força e coragem para lutar por aquilo que se acredita.

Por fim, “Women Talking” é um filme que deve ser visto e discutido, especialmente em um momento em que as questões de gênero e a luta das mulheres por seus direitos estão em pauta em todo o mundo.

Através da história dessas mulheres, somos confrontados com a triste realidade de que ainda há muito a ser feito para garantir a igualdade de gênero e proteger as mulheres contra a violência e o abuso. O filme nos faz refletir sobre como a religião e a cultura podem ser usadas para justificar a opressão e como as mulheres muitas vezes são deixadas sem opções em uma sociedade que as considera inferiores.

Além disso, “Women Talking” é um filme que aborda questões profundamente humanas, como a dor, a empatia e a solidariedade. As mulheres na história são capazes de superar suas diferenças pessoais e trabalhar juntas em busca de um objetivo comum. Elas se unem não apenas para se proteger, mas para proteger umas às outras e suas futuras gerações.

O filme é também uma reflexão sobre a importância da voz das mulheres e a necessidade de que essa voz seja ouvida e respeitada. As personagens principais não são apenas vítimas, mas agentes ativos na busca por mudança. Elas tomam decisões difíceis e enfrentam as consequências de suas ações, mesmo quando o futuro é incerto.

No entanto, apesar de sua importância e relevância, “Women Talking” pode não ser um filme para todos os gostos. A narrativa lenta e a ambientação claustrofóbica no celeiro podem ser um desafio para alguns espectadores, e a falta de ação e suspense pode fazer com que alguns se sintam entediados.

No entanto, para aqueles que apreciam um filme que faz pensar e que trata de questões importantes de forma cuidadosa e sensível, “Women Talking” é uma escolha certa. O elenco talentoso, a direção segura e a adaptação fiel do livro de Miriam Toews tornam este filme uma obra-prima do cinema independente.

Em resumo, “Women Talking” é um filme corajoso e provocativo que trata de questões profundas e importantes de uma forma sensível e cuidadosa. É um testemunho da força e da resiliência das mulheres em face da adversidade, e um lembrete de que ainda há muito trabalho a ser feito para garantir a igualdade de gênero em todo o mundo. Se você está procurando um filme que faça pensar e que fale de questões importantes, “Women Talking” é uma escolha obrigatória.

Imagem: divulgação / Google

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