2022 ‧ Drama/Psychological drama ‧ 1h 57m – A baleia
Brendan Fraser é um ator talentoso e versátil que deixou sua marca em uma série de papéis icônicos ao longo de sua carreira. Desde sua atuação como o Tarzan em “George, o Rei da Floresta” (1997) até seu papel na série “Trust” (2018), Fraser sempre demonstrou seu domínio da arte da atuação.
Mas, é em seu mais recente filme, “A Baleia”, que ele consegue mais uma vez brilhar em uma performance emocionante, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e consolida seu retorno à crista da onda de Hollywood após anos de ostracismo.
Fraser interpreta Charlie, um homem que está na última semana de vida e tenta se reconciliar com sua filha, Ellie (Sadie Sink), que ele abandonou quando descobriu que era gay e se apaixonou por outro homem.
O roteiro adaptado por Samuel D. Hunter de sua própria peça teatral, mantém o formato contido e exageradamente verbal, típico do teatro, e cabe ao diretor Darren Aronofsky a tarefa de adaptar a peça para as telas do cinema.
Trailer
Infelizmente, Aronofsky não consegue transcender as limitações do roteiro, e “A Baleia” acaba se tornando um filme estilisticamente semelhante a outras obras do diretor, como “O Lutador”, “Réquiem Para um Sonho”, “Cisne Negro” e “Mãe!”.
Essa sensação de familiaridade acaba por tirar o brilho da obra, uma vez que o filme não parece ser a culminação das obsessões e do estilo de Aronofsky, mas sim uma história dobrada forçosamente à sua vontade.
Brendan Fraser, que sempre entrega performances impressionantes, é o trunfo dramático de “A Baleia”, mas mesmo sua bela atuação não consegue esconder a feiúra do filme como peça dramática e elaboração cinematográfica.
Fraser, enterrado sob próteses, se esforça para expressar as tragédias e triunfos do personagem, para emprestar alguma verdade à sua crença inabalável na bondade humana e tentar nos convencer de que o otimismo sobrenatural de Charlie é inato, e não calculado pelo filme.
O grande problema de “A Baleia” é que, apesar das boas atuações de Fraser e de Hong Chau como Liz, amiga e enfermeira de Charlie, o filme falha em integrar seus personagens em um estudo honesto de seus personagens.
Isso se deve em grande parte ao maniqueísmo burro que permeia o roteiro e que transforma o corpo de Charlie em um espetáculo de horror escatológico, sem se aprofundar na verdadeira natureza do personagem.
Resumo
“A Baleia” é um filme que tenta nos ensinar a empatia, mas acaba instrumentalizando os personagens para repensar nossa autoestima. Isso não humaniza ninguém e não provoca nenhuma transformação concreta, além de nosso próprio ego.
O filme falha em criar uma obra coesa e autêntica, o que é uma pena, considerando o talento de Fraser e a proposta promissora do roteiro.
Imagem: divulgação